29 maio 2010

Sair daqui.


Tudo o que consigo ver à minha volta é tristeza, escuridão, trevas. Pessoas cinzentas, sem cor, sem vida, sem brilho, sem vontade, sem sonhos, passam por mim, sem qualquer tipo de expressão. Não há qualquer tipo de sentimento, nem dor nem alegria, apenas um vazio inexpressivo que causa angústia em mim. Sim, tal como parece, estou sozinha neste lugar, rumo contra a maré, tentando marcar a diferença, tentando acordar alguém para este mundo em que estou só, a ver tudo igual. Grito "- Ajuda-me !", mas da minha voz apenas oiço um breve e ligeiro sussurro. Que fazer ? Por favor deixem-me acordar deste pesadelo. Não, afinal não é um pesadelo, é mesmo o que estou a viver. É mesmo a minha vida. E agora ? Não tenho onde me refugiar. Como me esquecer deste lugar ?


Espera ! Parece que... Não ! Estou MESMO a ver ! Uma luz, pequena, mas brilhante. Apesar de ser pequenina, ilumina grande parte parte deste mundo.


Aproximo-me. Está a crescer lentamente. Mas o que é isto ? Agora são duas, exactamente do mesmo tamanho. Curioso. Diferente. Estranho. Aproximo-me mais. Incomodada, mas interessada. Mas... Está a afastar-se muito rápido. Mais rápido do que eu consigo correr. Quero apanhá-las, desesperadamente, mas não consigo acompanhar o ritmo. Paro, sento-me no chão, e vejo elas a afastarem-se, a diminuírem, e a voltar a unir para de novo se tornarem uma só. Passou algum tempo. 1 minuto, 1 hora, 1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano, 1 década, talvez, não sei. Aqui, não tenho a noção do tempo. Mas sei que a luz parece continuar a afastar-se.


Choro, sozinha claro, sem ninguém poder entender que aquela luz era o que me iria retirar daqui, eu sabia disso. No entanto, o inesperado aconteceu. A luz parou de se movimentar. Eu vi ! Tenho de me concentrar. Limpo as lágrimas, levanto-me (meu Deus, como as minhas pernas estão bambas), e corro. Corro com todas as minhas forças, corro como se não houvesse amanhã, corro pela minha vida, pelo meu futuro, para sair daquele buraco, daquele desespero ! A luz voltou a dividir-se em duas. Estou mais perto. Mais perto. Ainda mais perto !


Estão próximas, muito mesmo. Sinto a esperança a fluir em mim. Sinto o alívio. 100 metros, 10 metros, 1 metro. Paro, ofegante. Mas eis que as luzes estão muito mais perto de mim e deixam-me vislumbrar algo mais.


Aí vi que essas duas luzes eram o brilho do teu olhar.

2 comentários:

  1. gosto mt ....
    tavas inspirada ahahah
    xD
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    continua... xP

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  2. "Os poetas são como os faróis:
    dão chicotadas de luz à escuridão."
    Miguel Torga

    ... portanto, para "sair daqui", que é o que procuras, nada melhor do que continuar a escrever, pois as palavras trazem luz à escuridão... E escreves muito bem! Faço votos para que não seja um blog efémero!
    Assinado: ...?!

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