Sim, agora sinto-me completa. A peça do puzzle, que parecia perdida, estava apenas debaixo do tapete. Passo a explicar.
Eu era (e sou) um puzzle. Fui-me construindo a pouco e pouco. Várias peças estavam perdidas mas por sorte consegui achá-las. Construí, meti algumas peças no lugar errado. Retirei-as, coloquei as que encaixavam no devido lugar, e meti as outras no local certo.
Quando a esperança de o terminar era enorme, e quando a certeza de que o terminaria era ainda maior, deparei-me com um obstáculo. Falta uma peça !
Procurei por todo o lado. Em todas as direcções, em todos os sentidos, em todos os objectos. Não estava fácil, simplesmente não a via ! Entrei em pânico. Onde é que ela estaria ? Que tipo de puzzle seria eu, se ela não aparecesse para me completar ? A esperança fugiu e com ela a necessidade de achar a peça. Então fiquei assim, quieta no chão, a ganhar pó e anos.
Um dia, acordei daquela espécie de sono. Quando me arrastei, levantou-se uma grande nuvem de pó. O pó que tinha acumulado ao longo daquele tempo todo. Levantei-me e uma nuvem maior apareceu. Como nada via, excepto aquele cinza, tropecei no tapete. Caí, já não estava habituada a andar. A pouco e pouco, as minhas faculdades voltavam. E a nuvem de pó ia acentando.
Olhei, para trás. Ia voltar a endireitar o tapete. Mas, ali, vi o que há tanto tempo procurava. A peça ! A última peça ! Nunca me tinha passado pela cabeça que ela estava mesmo debaixo de mim, apenas com o tapete a separar-nos. Coloquei-a no devido local. Era uma sensação estranha mas óptima !
Finalmente. Completei !